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Mostrando postagens de 2012

Sobre Guardar o Coração

      Não se trata de desejo sexual, nem nenhum outro tipo de interesse. Talvez nem eu mesmo saiba nomear aquilo que sinto por ti. É uma necessidade estranha de estar sempre ao teu lado, mesmo que não seja conversando, nem fazendo qualquer outra coisa, apenas te olhando. O fato de você existir e perder poucos minutos do seu tempo comigo me faz feliz. Feliz por aquele breve momento em que estamos juntos.    Eu só quero te abraçar forte, sentir tua pele próxima a minha, poder ouvir a tua respiração, os batimentos acelerados. Só queria cuidar de ti como se fosse a mim mesmo.    E é doloroso. Extremamente doloroso perceber que nada disso é correspondido.    Eu também já sofri decepções por outras vezes, também já fui tratado como um brinquedo, como algo descartável, e não tenho medo que isso volte a acontecer, não contigo, porque eu te amo. Então não haja como se você fosse exceção, como se só você já tivesse sofrido por amor.    Passo horas do dia imaginando como seria t

Sou Todo Errado

      Uma promessa de se ver novamente.    Um sorriso.    Uma última olhada para trás.    E então... Bom, não houve então. Era isso, parecia que tudo acabava por ali. Não era nem de longe uma dessas histórias de amor. Na verdade nem história era. Nem amor. Sabe-se lá o que foi. Tudo o que eu queria era conseguir verbalizar o que sentia. Transpor em palavras os sentimentos que mais me perturbavam. Mas não, mantive-me calado. Mais uma vez.     Ambos víamos o mundo, porém não sob a mesma luz.    Pernas como bambus ao vento, estômago habitat de borboletas. Voz que insiste em não sair. Olhar que não corresponde.    Inexperiência, insatisfação e dor.    Autocomiseração ao invés de autoconfiança.    E o que teria tudo pra se tornar uma (mesmo que breve) história de amor, acaba por ali mesmo. A partir de então foi como se não nos conhecêssemos mais, e a cada vez que me pergunto o porquê, a dor aumenta. Aumenta e transborda, fazendo-me sentir como o culpado de tu

Ícaro Decide Voar

  N o alto de seus dezenove anos uma pessoa está no auge da boa forma, goza de infinita vitalidade e tem uma vida toda pela frente, você pode pensar, mas acredite, essa sua perspectiva mudaria se me conhecesse.     Nunca me imaginei vivendo aquela vida de família feliz que se vê nos comerciais de margarina e tampouco imaginava meu futuro preso á uma doença sem cura. Minha vida sempre foi toda errada, desde meu nascimento, quer dizer, os médicos disseram á minha mãe que não poderia ter outro filho além de Isabel. Ou seja, eu vim de surpresa, um acidente.     Hoje cedo pedi á Tulio que raspasse meu cabelo de uma vez. Já não suportava ficar perdendo fios de cabelo por todo canto da casa, como um animal perde pelos, sem contar as manchas no couro cabeludo, onde minha pele estava irritadiça e dificilmente, como dissera o médico, cabelos tornariam a crescer ali. Eu mesmo peguei uma tesoura, e, sentado frente ao espelho comecei a cortar os tufos, que caíam solenes no chão. Sendo-

Não Sou o Seu Número

  Sou como uma peça de roupa folgada ou apertada demais.    Talvez aquela esperança que se acumulou com o tempo tenha vindo á tona, numa vontade fugaz de finalmente encontrar um amor. Desses de verdade.   Talvez tenha apostado fichas demais em algo aparentemente sem futuro. Aparentemente. Como vou saber se seria só aparente? Teríamos de tentar.    Teríamos, talvez, um dia... Cansado disso tudo.   Depois de uma aluna com pouco mais de oito anos ter me perguntado o porquê de eu não namorar (o que, sinceramente, foi um soco na minha autoestima) comecei a refletir sobre n coisas. Por quê? Meu amor, nem mesmo eu sei. Percebendo que eu ficara em silêncio ela continuou falando, animada, que não via a hora de ter idade para começar a namorar.   E sofrer , pensei com meus botões, mas não verbalizei nada do que passou em minha cabeça naquele momento. É apenas uma criança, não é de meu direito acabar com sua visão fantasiosa sobre o amor. Ah, o amor! Espero que ela o encontre no fu

Desacostumado.

      A música do menu do filme toma conta do ambiente. Dessas músicas que te fazem pensar, refletir. E como eu gosto de pensar! Na verdade, às vezes, penso que deveria deixar um pouco de fazê-lo, agir mais por impulso... Mas não consigo.    Foi essa mesma reflexão que me fez chegar á um ponto, uma constatação; Estou desacostumado de ter alguém. Fui moldado pra viver sozinho. Minha cama é de solteiro, meu quarto tem lugar para apenas uma pessoa. As refeições congeladas na geladeira dão apenas para mim e meu edredom é pequeno demais para abrigar outra pessoa além de mim.    Talvez a solidão tenha me tornado egoísta, menino mal criado que não sabe dividir. Quero tudo pra mim e assombra-me a ideia de ter, de uma hora pra outra alguém com que eu tenha de dar parte de tudo isso. Talvez eu não seja capaz de tal ato, ou quem sabe esteja me preocupando á toa, pois essa pessoa talvez nunca aceite receber parte de mim.    Mas por ti estou disposto a me reacostumar. Posso apr

Se Estiver Interessado, Sente-se.

   Vamos lá.    Estou com umas 50486338 coias pra fazer, mas nesse momento sinto necessidade de escrever. Quando resolvi criar esse novo blog tinha expectativas de conseguir publicar com maior frequência, mas não foi bem isso o que aconteceu. Bom, minha vida mudou bastante. Mudou de uma hora pra outra, quando eu menos esperava (e mais precisava). Mudanças são necessárias, sempre.    O ano ainda nem acabou e já me arrisco a dizer que 2012 foi decisivo em minha vida. Foi o ano em que me encontrei profissionalmente, e agora tenho certeza absoluta do que quero para o resto da minha vida. Conheci pessoas novas, senti realmente na pele o significado da palavra “preconceito” de um dos piores modos possíveis. Mas olhem só, ainda estou aqui, de pé.    Comecei a ter novos sonhos, tive (e tenho) ideias, que pretendo colocar em prática, se não nesse, mas no próximo ano. Estou fazendo planos, sim, e se não derem certo, foda-se, a vida é assim mesmo, temos de arriscar se quisermos conse

Essência do Molde

   Seria justo julgar alguém sem antes conhecer os processos de moldagem pelo qual ela passou? E você? Conhece a essência do seu molde?     Foram basicamente essas as questões que eu propus na minha primeira obra exposta no SESC de São Miguel D’Oeste. Através da arte contemporânea quis fazer com que as pessoas refletissem sobre essas questões tão simples, mas que parecem esquecidas ultimamente. As coisas parecem estar perdendo sua essência, tornando-se mecânicas, passageiras.    “Essência Do Molde” trata-se de uma instalação, com manuscritos meus colados do chão ao teto da galeria, inclusive na ilha que suporta o molde do meu rosto feito com cera e alguns dos meus textos escritos á mão.    Participar da exposição PRETEXTO (projeto do SESC-SC) com essa turma linda foi uma das melhores coisas que me aconteceu nesse ano. Realmente a arte liberta, e, como eu li ainda hoje na capa de um livro; A arte é a caligrafia da alma.       A abertura da exp

Pele

     Está frio e eu me despi da sua pele.     Ainda n ão sei exatamente o porquê, ou quando aconteceu. Foi simplesmente esvaziando, murchando, assim, aos poucos, tão devagar que nem nos permitiu saber em que época aconteceu. É incrível como o tempo tem o poder de mudar as coisas e as pessoas sem que percebamos. Quando nos damos conta simplesmente aconteceu, as mudanças estão lá mesmo que não estejamos preparados para lidar com elas. O tempo é cruel. Pelo modo como eu me perdia a cada vez que te encontrava, pensei que as coisa poderiam ser duradouras, era quase como brincar de esconde-esconde. Era. Do passado.    Depois de satisfeitas as curiosidades de ambas as partes, não há mais motivos para aquelas longas conversas na madrugada. Se tornara algo mais momentâneo, efêmero, cuja vida não durava mais do que um cumprimento e a troca de meia dúzia de palavras.    É engraçado como pessoas que um dia foram tão íntimas de repente se tornam apenas conhecidas. E num futuro não mu