Pular para o conteúdo principal

Postagens

#1 Resenha - Ratos

            Um livro é uma inesgotável fonte de sabedoria, é como se neles conseguíssemos encontrar todas as respostas para os infindáveis questionamentos existenciais que surgem ao longo de nossas vidas.             Sempre tive muita, MUITA dificuldade em verbalizar as coisas que sinto, e são justamente essas palavras não ditas que muitas vezes comprimem meu peito e apertam a garganta. Então, especialmente para mim, os livros – cada um que passa pelas minhas mãos – tem um gosto e uma significação especial. Eu encontro um pouco de mim em cada um deles, e eles se encontram dentro de mim – é uma relação extremamente recíproca. Um livro é como um refúgio, um melhor amigo, a melhor de todas as companhias. Sei que essas palavras podem soar clichês, mas somente para pessoas que não sabem o que é isso, que não sabem o quão magnífica podem se tornar nossas relações com os vários mundos que nos são apresentados nesses fascinantes amontoados de páginas.             Feitas essas breves (
Postagens recentes

Nota Sobre a Ausência

         Depois do ocorrido sentou-se frente à TV de sua casa e por várias horas ficou a observá-la, porém sem nada ver. Era como se tivesse voltado a viver em outra a dimensão – aquela que nunca, em hipótese alguma , deveria ter saído.             Eram quase duas da manhã quando se deu conta de que deveria acordar cedo para se dirigir ao trabalho na manhã seguinte. Desligou a TV e esticou-se para a mesa de centro, tomando seu computador nas mãos; acessou suas principais redes sociais e desativou-as, era preciso sumir por algum tempo, afinal era assim mesmo que se sentia; invisível.             O computador aberto em seu colo era a única fonte de luz no local agora, e, assim que o fechou, as sombras deitaram sobre si, mas agora elas não pareciam mais pesadas a amedrontadoras como quando criança. Agora, as sombras, o escuro, a reclusão, pareciam estranhamente reconfortantes. De um modo ou de outro sempre acreditou mais no poder das trevas que na luz. Era na escuridão, nos momentos

Inocência Perdida

            Percebe que dentro de mim algo mudou?             É esta lacuna, esse espaço em branco que divide o tempo e o espaço entre você e eu. Foi como um corte lento e profundo, visceral e devastador. Metodicamente fez-se a incisão, lâmina afiada perfurando as camadas mais profundas da pele, perpassando minhas costelas até encontrar o músculo-mor.           Meu amor, anestésico mortal, impediu que eu percebesse o que realmente aconteceria antes que o estrago se fizesse efetivo. Essa poesia de cego, você não viu.             Incisão feita, seus dedos avançam como cobras para dentro de meu peito, tomando-o para si. Sente? Agora pulsa em suas mãos. Diante meus olhos, diante daquele que outrora fora seu dono. Em seu rosto não há nenhum sorriso sádico tampouco nenhuma expressão culpada. Fizeste tudo como se cumprisse um ritual, um costume, um hábito. Talvez realmente fosse isso, essa vontade voraz de ter nas mãos essa granada – esse último suspiro. É a perca de um traço d

Sobre Partidas

   Julguei ser impossível amar tanto alguém sem obter o mínimo de reciprocidade.    Como sempre que julgamos, estava errado.    Minha visão errônea de um mundo inexistente desfazia-se.   Era como o fim de um ciclo. Um doloroso processo de perca da inocência, daquele pensamento de discurso amoroso tão belo que sempre me foi cultivado.   Pus meu sentimento para dormir, alojei-o em algum canto escondido do meu ser, e não foi por escolha. Foi necessidade. Precisava parar de gastar tantas energias, de me doer. Porém ele continua lá, e eu lhe aviso que tem sono leve, portanto não tente acordá-lo, pois ambos sabemos que ele nunca virá a ser realmente no viver, apenas no papel.   Prometo nunca mais tocar no assunto se me prometeres nunca retornar, não deixar mais seu cheiro impregnado na minha pele, nem sorria com o canto da boca. Só quero que o deixe dormir. Como todo animal selvagem, meu coração não deve ser perturbado, deve ficar lá, isolado de todo e qualquer perigo,

Angústia

       O gesto de te abraçar parece realizar por um momento o sonho da união total contigo. É um instante de sono, sem dormir, é quando tudo fica suspenso: o tempo, a lei, a proibição: nada cansa, pois todos os desejos parecem transbordar-se, saciar-se.    Tal transbordamento existe, e vou querê-lo sempre, vi-me viciado. Teimarei em querer reencontrar, renovar, saciar o desejo de uma nova união – da contradição – da contração de um novo abraço.    Ao longo de minha vida posso encontrar milhares de corpos, desejar metade deles, relacionar-me com dezenas, porém amo apenas um. Designo a você toda a especialidade do meu desejo. É uma “escolha” rigorosa que só retém o Único. E foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez até muitas procuras) para que eu encontrasse a Imagem, que entre mil, convém ao meu desejo. Foi necessária muita sorte (azar?) para que eu encontrasse você.   E agora, depois de algum tempo eu paro e pergunto a mim mesmo o que ta

A Iminência Das Poéticas

     O título desse texto foi também o tema da trigésima bienal internacional de arte; A Iminência das Poéticas, dos dizeres subjetivos injetados nas obras por cada um dos artistas. Do poder reflexivo que elas nos proporcionam, trazendo á tona questões que não havíamos parado para pensar antes, e, que, muitas vezes estavam diante de nossos olhos, porém a vida cotidiana não nos permitia perceber.    O grande desafio enfrentado tem sido justamente o de agregar essa dimensão poética da arte em seu poder de oferecer outra voz e outro olhar á ação educativa, que valoriza outros modos mais convencionais e didáticos de significar as vivências artísticas.    Devemos, antes de tudo, deixar de encarar a arte como algo unicamente racional, conceito que foi criado o Renascimento e veio sendo cultivado em outros estilos, onde sua produção era extremamente técnica. Devemos tirar o verniz cultural que a reduz ás “Belas Artes”.    Podemos implementar na educação da arte outra lógic

Tudo Aquilo Que Nunca Foi Dito

          Há algum tempo gostaria de falar sobre as palavras que insistem em travar na minha garganta, e, que cedo ou tarde podem me sufocar. Gostaria de me livrar desse terrível mal: O de não conseguir verbalizar o que se sinto.    Talvez por incompetência, falta de experiência, ou porque não chegou o momento certo de lhe dizer tudo. Os motivos eu desconheço. Prometi a mim mesmo que seria corajoso e levaria essa história até o final. Prometi que nada abalaria o amor que sinto por ti, e que jamais permitiria que as pessoas tentassem desestruturar as coisas nas quais acredito.    Eu prometi tantas coisas...    Dos escritos arquivados, do sentimento gravado á tinta no papel, de tudo aquilo que lhe escrevi, mas não tive coragem de entregar. Cada palavra lutando dentro de mim, abrindo caminho garganta afora como se tivessem garras e vacilando na ponta da língua, cada grito ensaiado frente ao espelho... Cada tentativa falha de provar que lhe amo. Tudo aquilo